As trilhas de sal
As duas se lamberam inteiras. Uma hora e meia. Ofegam agora, vencidas pelo gozo. Este é o momento em que agradecem: minha cachorra. E retribuem o agradecimento: minha cachorrinha. Levantam-se. Vão para a cozinha. Uma abre a geladeira, puxa um suco. A outra pega dois copos e os põe na mesa. Eles não chegarão a ser usados hoje. Uma teve uma ideia. O suco volta para a geladeira e os copos são substituídos por dois pires, enchidos de água e postos no chão. É uma coisa nova no ritual, nascida de improviso. As duas, nuas ainda, se agacham e se põem a lambiscar a água. Renasce nelas a excitação, e já não lambem os pires. Deitadas no piso azulejado, refazem as trilhas de sal.
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