Poliglota
Homens de vários quadrantes lhe ensinaram frases, jeitos, malícias, requintes, vícios. Discípula atenta, logo ela os excedeu. Ninguém como ela sabe berrar, em quarenta e três idiomas e catorze dialetos, frases de enlouquecida paixão nos momentos em que a cama parece vergastada por todos os tufões de todos os mares do leste e do sul. Nesses instantes ela é íncubo, súcubo, e todos os demônios gritam na sua voz imprecações e incitações ao gozo. Hirtos de medo e espanto, os homens sabem que ninguém terá morte mais venturosa que a deles, com o corpo despertado pelos dentes de loba e pela língua que sobre o peito, boca e testículos deles expele chamas como as labaredas do Inferno.
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