Uma dívida que não saldarei é a visita que sempre quis fazer a Fresno, na Califórnia. Não sei o que se pode ver lá, nem se algum guia turístico informa. A mim me bastaria saber que em tal ou qual casa nasceu William Saroyan. Ninguém sabe hoje quem foi William Saroyan, e, dizendo isso, eu me sinto irrecorrivelmente culpado. Eu sei quem foi William Saroyan e, pelo que ele representou para mim, o mínimo que eu deveria ter feito, desde o primeiro conto dele que li, seria dizer o nome dele pela rua, ou ao menos sussurrá-lo, como se sussurra o nome da mulher amada ou de um santo.
Eu fiz uma peregrinação assim na Irlanda, em que segui algumas pegadas de James Joyce e Oscar Wilde e em Paris, onde vi N lugares por onde Henry Miller andou. Fico triste em saber que vc não poderá ir a Fresno. E fico triste porque nunca me senti tão viva quanto nos momentos em que vi os lugares em que tantos que eu gosto estiveram, ou em que visitei os túmulos de tantos que admiro.
ResponderExcluirAqui no Brasil ainda quero seguir Guimarães Rosa. Mas isso é um projeto para o futuro, ainda não me sinto macha o suficiente para encará-lo.
O Saroyan foi meu primeiro espanto na literatura. Escrevia tão simples, tão fácil. Pensei: puxa, não sabia que se podia fazer assim. Depois descobri que a facilidade dele era aparente e conquistada com muito esforço. Escrever difícil, empolado, é que é moleza. Meu segundo espanto foi o Pessoa. Aquilo nem me pareceu literatura, à primeira vista. E como era! Que bom que você tenha já conhecido tantos lugares.
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