Às vezes, folheio livros de minha juventude - aventuras marítimas da velha coleção Terramarear - e lastimo não ouvir mais o tinido das espadas e a retumbância dos berros dos homens empenhados na luta no convés em chamas. Sentindo como envelheceram minhas mãos, as páginas me recusam as emoções de outrora. Os piratas dormem, as ondas não se enraivecem, os navios bocejam. Se meu neto as toca, para ele - e só para ele - voltam as batalhas, o sol lambendo o sangue dos feridos e o mar engolindo sem discriminação, com sua garganta imensa e generosa, vencedores e vencidos.
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