Sabe, há certos dias em que acordo sem querer acordar, pressinto o sol, sem querer vê-lo, e preparo-me para viver, como se quisesse. Levanto-me, tento respirar fundo, como se ainda soubesse, espero que alguma coisa aconteça - talvez o toque do telefone para anunciar minha morte - e só quando não tenho mais esperança tomo banho e me visto. Às vezes, saio. Às vezes, desisto de fingir, não tomo banho, não me visto, deito-me de novo, ajeito-me com a melancolia no travesseiro e volto a dormir. Não me lembro da última vez em que saí.
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