domingo, 28 de abril de 2013
A ternura é...
... bem mais nobre que o amor. O amor é transitivo, o amor não se basta, o amor quer conquistar, dominar, possuir, reinar. O amor quer súditos, o amor anseia por vassalos. A ternura, não. Ela fica quieta, e é capaz de viver a vida toda em torno de um sofá, na casa de um poeta, dentro da cela de um presidiário que divide o pão com ratinhos ou no quarto com grades no qual vive uma mulher considerada insana pela família e que lembra, vinte anos depois, o nome de todos os que a internaram e reza por eles toda noite. A ternura se alimenta não de carne, como o amor, mas de essências leves, de perfumes, da brisa que traz o cheiro das maçãs, e, quando se manifesta, não ruge nem arreganha os dentes. A ternura, quando diz o nome do que ou de quem a enternece, diz baixinho, como se sua interlocutora fosse, e é, a alma. A ternura persiste depois que o amor rasgou todas as peles para nelas marcar suas iniciais.
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