sábado, 27 de abril de 2013
As tormentas do amor
As tormentas do amor o afligiram a noite inteira, em pesadelos sinistramente iluminados pelos relâmpagos e sacudidos pelos estouros aterradores dos trovões. Acorda e por um instante julga que se afogou. Quando se vê salvo em sua cama, tenta voltar para o sono e o pesadelo marítimo, mas o despertador do celular o traz para a realidade de mais um dia no escritório. Vai para lá, cumprir seu medíocre destino. Às duas horas, depois do almoço, ainda com a aventura e o quase sucesso da madrugada na memória, debruça-se no janelão aberto do terceiro andar e, vendo as pessoas que andam na rua, sente que ou se atira neste momento ou daqui a vinte anos estará no mesmo janelão aberto, fitando melancolicamente a calçada lá embaixo, míope demais para distinguir o lugar que ele define agora como um possível alvo para o seu voo.
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