O amor é o mais democrático dos tiranos. Nós o elegemos, aclamamos, entronizamos, e com que orgulho o vemos exercer seu poderio sobre nós. Amamos seus calabouços, suas torturas, as confissões que nos arranca. A todo instante olhamos as marcas que ele nos deixa. Que jamais venham a se apagar. Se nos fere com brandura, nós o recriminamos. Um tirano jamais há de ser gentil. Depois de uma hesitação, a primeira, quantas mais podem vir? E que será de nós se ele um dia abrir o cárcere e nos disser que estamos livres? Que ele nunca se esqueça da nossa ração diária de pão seco e água e que jamais os olhos do seu chicote fiquem cegos para as trilhas da nossa carne.
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