Jamais tivemos nada a oferecer. Nunca soubemos a letra de um sucesso, nunca sabíamos de quem falavam. Só nós, misteriosamente, nunca tivemos acesso ao dia de nascimento do cantor da moda, nem ao seu número de sapato. Quando um desvio premeditado dos outros nos deixava sós no caminho, sempre achávamos que os risos vindos do gramado eram, mais do que uma simples manifestação de prazer, um escárnio dirigido a nós. Nunca tivemos um cigarro para oferecer, uma garrafinha de rum. Nunca tivemos um pacauzinho. Sempre estivemos miseravelmente sozinhos e o amigo secreto que inventamos tinha um nome estranho: poesia.
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