quinta-feira, 20 de junho de 2019
O inimigo de Roma
A página do Estadão em que era publicada a lista dos cinemas de São Paulo, os filmes que eles exibiam e os horários das sessões era chatíssima de revisar, mas Baptista Aguiar de Barros, se o chefe a confiasse a outro revisor, talvez fizesse uma greve de fome. Ele era apaixonado por cinema, e a revisão diária da página o entusiasmava de tal forma que ele encomendou um cartão que o apresentava como aquilo que de fato era: revisor especializado em cinema. Ele trabalhava em dupla com Dirceu do Nascimento Miele, outro apreciador da arte cinematográfica e dotado de um humor admirável. Barros lia a prova com tanto cuidado que, para não saltar nenhuma linha, usava uma régua. Era comum Miele ir fazendo comentários enquanto Barros lia. Um desses comentários ficou na minha lembrança, pelas gargalhadas que provocou. Barros leu o nome do cinema e, em seguida, o título do filme: Sozinho contra Roma. Miele imediatamente sacou: "Esse se fodeu!"
Sou filho do Dirceu, Muito obrigado pela lembrança.
ResponderExcluirMauricio, meu caro, lembro-me de conversas agradabilíssimas com seu pai, sobre cinema. Comentávamos quase diariamente os filmes que a Globo passava na sessão da madrugada. Lembro-me dele com seu cachimbo de lorde. Uma pessoa sóbria e bem-composta, aparentemente sisuda, que de repente mostrava seu bom humor e seu senso de observação. Um dos inesquecíveis tipos da Revisão do Estadão. Abraços
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