sexta-feira, 5 de julho de 2024

Maria Josefa

Sei agora que devia

ter tentado acordá-la

mas você estava tão corada

tão rosa tão menina

que eu quis acreditar

que fosse só uma

brincadeira uma travessura

que você estava a me aprontar.

Maria Josefa

O amor terá o nome que lhe deres.

O meu, quando eu o chamo, deixa no ar

As sílabas que cantam ao chamar

 A mais gentil de todas as mulheres.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Maria Josefa

 Em um ano agora já da categoria dos remotos

1958 talvez 1959 ou 1960

em algum lugar desta gélida São Paulo

na Sé ou na Ipiranga quem sabe na Barão

o sol a seguia reverente

como um súdito acompanhando sua rainha


Foi essa a imagem que me veio

e eu disse a você e você

me beliscou e me disse seu bobinho


Eu guardei o seu beliscão 

como um súdito guarda 

o lenço que furtou da sua rainha

e fomos caminhando assim 

o sol sobre seus cabelos

eu orgulhoso à sua sombra

até um cinema qualquer

para um filmezinho de domingo


Foi um sinal o primeiro

dessa descuidada majestade

que você nunca reconheceu

mas que iluminou e aqueceu

até seu brilho derradeiro.

Predadores

Quem há de confiar ainda em ti?

O que tiveste de mais precioso

teu melhor ouro teu tesouro

deixaste que entrassem em tua casa

empilhassem tudo em uma caixa

e se fossem enquanto

sentado em tua covardia

ouvias os cantos jubilosos dos predadores.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Maria Josefa

 Minha alma se foi hoje. Não lhe custará chegar ao céu. Jamais custou aos passarinhos.