segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lírica (834) - Educação

Já fui menino, como esses. Mandaram-me à escola. Aprendi histórias e geografias. Falaram-me de homens célebres e estimularam-me a imitá-los. Falaram-me também das centenas de países do mundo e disseram-me como seria maravilhoso e instrutivo conhecê-los. Estavam certos. Não lhes cabe culpa se não me tornei grande nem desfilei minha grandeza pelo planeta. Aprendi alguma coisa também com a vida. Talvez por minha condição subalterna ou por alguma favorável predisposição genética, ligada à passividade e cordialidade polonesas, sempre respeitei as pessoas. Posso dizer, igualmente, que respeito religiões e crenças. Dito isso, fica evidente, se já não estava, que não receberei mal a morte, quando ela me procurar. Pela educação que tive e mantive, posso até me arriscar a dizer que sorrirei para ela.

4 comentários:

  1. Não consigo acompanhar todos os seus posts. Vc tem o dobro da minha idade e o dobro de minha vitalidade, minha inspiração (ou técnica?!?). E também não consigo comentar nada em muitos dos que escreve, afinal de contas, o que há a ser dito? Existem coisas que escrevemos e que não admitem comentários, por serem herméticas em si, por não necessitarem de palavra alguma de consolação ou complemento.

    Deixo para ti uma inveja leve e boa, de alguém que luta muito para começar a escrever, por ter medo do que possa me sair dos dedos e do compromisso. E também uma felicidade plácida, vendo que tem gente que consegue, que se regorgita todos os dias e se expõe tão nu nessas páginas brancas.

    Botei seu link lá no meu blog, é mais fácil do que ficar vindo pescar toda hora.

    Um abraço.

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  2. Esse dobro de vitalidade que você cita eu começo a temer que seja um indício e um início de insanidade (que, de resto, seriam bem-vindos). Que escritor ou candidato a escritor renunciaria a umas boas pitadas ou até mesmo algumas colheradas de loucura? Essa inquietação e essa insegurança que você admite eu também consideraria bons sinais, hoje e sempre. O ideal seria que os escritores (os artistas em geral) se dilacerassem. Como nem todos têm as garras apropriadas, ao menos uns ferimentos são desejáveis, senão não vale a pena. Obrigado por me linkar no seu blog. Eu já não saberia fazer isso. Por sinal que, se quiser, me passe o endereço do seu blog. Gostarei de dar uma passada por lá.

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  3. Estava ouvindo hoje Henry Miller em uma entrevista de 1956 (acho). E ele disse muito do que vc também disse aí em cima, que os artistas (seja lá em que mídia se expressem) devem ser loucos e viver em eterno estado de êxtase. Devem ter o espírito eternamente animado.

    Não acharia ruim se eu realmente começasse a ficar louca, acho que sou meio doida, só escondo muito bem da sociedade. Sou uma excêntrica disfarçada de gente normal. Ha.

    Cuidado com o meu blog. Ultimamente caiu no ostracismo e fala muito pouco de mim, ou de literatura, ou qualquer coisa do gênero. Caso resolva ler, leia de trás pra frente, olhe lá embaixo, onde ficam os arquivos e comece por 2004 ou 2005.

    Estou realmente disposta a começar tudo de novo, já espalhei cadernos e canetas pela casa, estou me prometendo um pouco por dia. O que mata é a falta de disciplina e a grande quantidade de informação que existe no mundo. Eu me perco pelos cantos. Sim, passo grande parte do dia sem saber quem sou.

    Mas sempre tem alguém que dá um empurrãozinho e hoje foi o Henry Miller.

    Aliás, recomendei seu blog para alguns amigos. Eles devem estar com vergonha de comentar. :-)

    Se quiser ir lá no meu humilde blog, http://archenar.blogspot.com

    Gosto muito do que vc escreve. Hoje em dia é difícil encontrar blogs que realmente valham a pena, o seu é um deles.

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  4. Meu blog é recente, acho que o abri em fevereiro - e tem sido muito útil (para mim, pelo menos). Ele praticamente me obriga a escrever, com a vantagem de que não fica tudo em cadernos, em disquetes, nessas coisas. Minha loucura vaza diariamente. A propósito: eu gostaria de ser artista plástico. Vi um livro de um deles, recentemente, e nele se reproduziam as obras que ele vem fazendo desde a adolescência. Nas legendas das fotos eu ia lendo: tela exposta no Museu tal ou qual, de Veneza, de Paris, de Nova York. Ou, então: obra pertencente ao acervo do artista... Que beleza: escritores têm encalhes; pintores e escultores têm acervo.

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