quinta-feira, 7 de março de 2013
Hospital
Tu me levarás balinhas que o médico não me permitirá chupar. Um livro que não poderei ler. Minha boca e meus dentes estarão um bocado mais velhos, em solidariedade ao resto do corpo. Não chegarei a compreender suas palavras, mas é provável que um fiapo de veludo escape de teus lábios quando te despedires e fores acompanhada até o elevador. Será uma tarde bonita. Haverá, embora eu não o possa ver, um sol sorridente, como aqueles dos desenhos de criança. Ele te acompanhará com gracejos até o estacionamento, onde um dos rapazes, quando saíres com o carro, baterá no ombro do outro e dirá: "Rapaz, viu só? Você viu só?" Estará se referindo a uma beleza que meus olhos cansados não terão visto e nem minha memória poderá mais recompor.
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