terça-feira, 12 de março de 2013
No jornal - 63 - A crônica
Quando uma nova chefia assume uma redação, é normal que ela venha com a proposta de mudanças. O aspecto gráfico faz sempre parte dessas mudanças. Se são seis as colunas, elas passam a ser cinco; se são cinco, por que não transformá-las em seis? Se as colunas são separadas por traços finos (chamados de fios no jargão jornalístico), eles são eliminados, em nome do "arejamento". Se não há fios, eles são enfiados, em nome seja lá do que for. Quanto ao conteúdo, uma das primeiras medidas se refere sempre à crônica. Se não há crônicas, é preciso abrir-lhes espaço imediatamente: as crônicas são aqueles oásis no meio das catástrofes do noticiário. Se há crônicas, chegou o momento de botar porta afora essa velharia, esses textos que servem apenas para celebrar a primavera, as flores, a brisa, os filhos e os netos dos cronistas. Houve editores-chefes que em ocasiões diversas e diferentes jornais usaram os dois argumentos. Augusto Nunes, em um ano, elevou a crônica a um nível nunca antes alcançado no Estado, publicou um livro com cronistas antigos e modernos do jornal (Cronistas do Estadão) e, quando ela desfilava bela e faceira, cortou-lhe as asas: chega de gorjeios.
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