"Estava lendo um livro português de Florbela Espanca, essa misteriosa mulher que tinha arranques voluptuosos em sua poesia misturados de angústia e morte. Era o pouco e talvez errado que eu sabia da autora, embora me cobrasse saber mais. Florbela, eu imaginava, devia ser a musa das solteiras que se masturbam com toalha, mas tratei de dizer dela o que lera em algum paradidático. Chamava-se Florbela de Alma da Conceição Espanca, não era bonito? Parecia um verso alexandrino à maneira de Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. Chamei-lhe a atenção para o que todos sabem a seu respeito e é a antinomia da mimosa "flor bela" com a rude "espanca".
(Do livro Crime improvável, publicado pela Ficções.)
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