quinta-feira, 18 de abril de 2013

Às vezes, como agora...

... penso em alguns textos que venho colocando aqui (a maioria) e sinto-me tentado a adotar como uma espécie de subtítulo do blog algo como Mural de Lamúrias. Queixo-me de tudo, lamento-me de tudo, depois venho e peço desculpas. No dia seguinte, em vez de me emendar, volto com mais tristezas. Chopin (para falar de alguém com sangue polonês como o meu) era triste. Mas Chopin conseguia fazer da sua tristeza uma tristeza universal, uma tristeza artística. Acho a tristeza a matéria-prima essencial para a arte. Na comédia, vejo mais artifício do que arte. Tenho uma visão dramática da vida (dramática, no caso, é eufemismo de trágica). Não digo com isso, evidentemente, que a minha visão seja a certa. É a minha e, quando digo minha, gostaria que esse minha se referisse a alguém cuja opinião tivesse valor. Sou só um sujeito sem aquilo que se chamava antigamente de bagagem de conhecimentos e que teima em se expressar, porque a vida toda se preparou para isso. Minha consciência de que me expresso mediocremente é um dos vários males que me afligem. Penso ser honesto, mas que peso há de ter uma arte baseada só em honestidade? Falo de sofrimento porque sofro, mesmo quando me vem a suspeita de que eu possa ser como aquele poeta de quem Fernando Pessoa dizia que fingia honestamente, a ponto de acreditar na dor fingida. Os lugares-comuns são geralmente considerados abomináveis, mas eu estou quase para usar um, que penso definir-me perfeitamente: sou um poço de contradições.

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