sábado, 20 de abril de 2013
Um trecho de Geoffrey Chaucer
"E agora quero contar-lhes a respeito do meu quinto marido... não permita Deus que sua alma se dane, apesar de ter sido o mais duro de todos. Acho que até o dia de minha morte vou sentir as pancadas que me deu em cada uma das costelas. Mas era tão animado e fogoso na cama, e sabia ser tão atraente quando desejava a minha "belle chose", que, ainda que tivesse acabado de quebrar-me os ossos um a um, imediatamente reconquistava o meu amor. Acho que eu gostava dele porque era o que me tratava com maior desdém. Se não minto, nessa questão nós mulheres nos guiamos por uma fantasia caprichosa: ficamos o dia inteiro a implorar e a cobiçar tudo aquilo que não está facilmente a nosso alcance. Proíbam-nos uma coisa, e nós choramos por ela; fugimos dela, no entanto, quando nos é ofertada. É com pouco-caso que expomos nossa mercadoria; os preços altos estimulam a procura, e ninguém dá valor ao que é barato. Toda mulher inteligente sabe disso."
(De "Conto da mulher de Bath", do livro "Os contos de Cantuária", tradução de Paulo Vizioli, publicado por T.A. Queiroz, Editor.)
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