Há dentro de mim...

... uma traça que me rói, me corrói, me corrompe e me adultera. Paciente, há sete décadas ela trabalha em meu corpo e, se posso dar uma opinião, sua obra está pronta, já. Na verdade, há cinco anos já estava. Há cinco anos eu já era um objeto, um livro que se devia pegar com luvas. Certa manhã, puseram-me ao sol e eu me iludi. Pareceu-me sentir certo alvoroço em uma página ou duas. Depois, recolocaram-me na estante, e a traça voltou a percorrer minhas linhas, meus parágrafos, meus capítulos.