quarta-feira, 5 de junho de 2013

Um soneto de Augusto Frederico Schmidt

"Hoje és cinza, no entanto ardeste,
Foste incêndio no mundo.
As terríveis visões da morte
Brilharam nos teus olhos claros.

Hoje és menos que cinza; no entanto,
Foste o inquieto destino, o castigo,
A sede implacável, o paraíso
Próximo e visível, mas perdido.

Coroaram-te ilusões e enganos,
Mas bela e pura apareceste,
Transfigurada no amor invencível.

Cinza és hoje apenas e sombra
Irreconhecível à luz presente,
Abandonada dos encantamentos.

(Do livro Poesia completa, publicado pela Topbooks.)

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