segunda-feira, 1 de julho de 2013

A diabólica Elfriede Jelinek

Há em A pianista, de Elfriede Jelinek, um sadomasoquismo agudo, perverso, suave, selvagem, terno, erótico, delirante - e belo. Atingir, como ela conseguiu, a beleza nesse território comumente explorado pela pornografia é uma das maiores façanhas literárias que eu, em tantas décadas de leitura, presenciei. De algumas das cenas saí exausto, acabado, redimido e culpado ao mesmo tempo, como se tivesse participado delas. A pianista é um livro extremamente perturbador e sua leitura convulsionou pontos da minha mente que eu imaginava já a salvo de qualquer instigação. É um desafio àqueles que se consideram adultos em assuntos sexuais. Há alguns séculos, Elfriede Jelinek seria lançada à fogueira não como bruxa, mas como o próprio Demônio, e se contorceria de luxúria e gozo.

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