terça-feira, 3 de setembro de 2013

O tempo

Chegou, para ele, o tempo em que o encaram como aquele credor persistente que telefona todo dia 15 e 30. Não estão, não se encontram, como dizem as secretárias. Quando seu nome é pronunciado, todos, até seus velhos amigos, balançam a cabeça e sorriem condescendentemente: coitado. Ele parece o poeta de dezenove anos com o livro de poemas na mão, aporrinhando o editor. Fora! Passa! Dizem que a paranoia é seu problema. Ele não sabe se é paranoico. Julga-se rejeitado, só isso. No mais, vai tudo bem, e não é verdade que anda pensando em suicídio. Sabe que falharia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário