terça-feira, 12 de novembro de 2013

Também eu

Também eu, como vocês, berrei pelo amor. Também eu achei bela a voz que gritava, também eu julguei celestiais os poemas que ela berrava. Mas tudo eram cirandas, cirandinhas, como vocês e eu tão bem sabemos, e os tomates e ovos foram nossa justa recompensa. Quando nos encontramos, nós, que nos enganamos tanto, que nos curvamos tanto, que nos humilhamos tanto, nos dizemos aquelas palavras de sempre, que nunca nos consolam: bom, pelo menos tentamos. E pelos lábios nos escorre ainda uma última baba de ovo, e uma vermelhidão de tomate empapa nossa camisa, como se fosse sangue.

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