quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Um trecho de Katherine Mansfield

"Estou profundamente interessada no que você sente sobre Manet. Durante anos, ele foi muito mais importante para mim do que qualquer outro daqueles pintores franceses. Ele satisfaz alguma coisa profunda em mim. Há uma espécie de maturidade belamente real em sua pintura, como se ele tomasse posse do que lhe pertence; e é uma rica herança. Eu vi, outro dia, uma reprodução de um Renoir, muito lindo - uma jovem - um perfil - com o braço preguiçosamente estendido, encantadores pescoço, ombros e busto - tanta graça. Mas eu acho que nos seus últimos quadros ele com frequência não tem clareza no traço. Não consigo reconhecer o delicado contorno - e sinto que, na maior parte das vezes, tanto pode ser, como não, devido a um reumatismo e não a uma resolução. Mas eu não sei. Gostaria de um dia ser bem-informada sobre pintura - ir daqui para Madri, digamos, e dar uma boa olhada. Hei de fazê-lo. Quando estou fora da Inglaterra, sempre acho que todas as coisas e lugares ficam perto. Estamos somente a quatro horas de Milão. Bem, mesmo que a gente não vá, lá está ela. Podemos sair no sábado de manhã e estar lá para assistir à ópera à noite. O canal é que é a linha divisória."

(Do livro Diário & cartas, tradução de Julieta Cupertino, publicado pela Editora Revan.)

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