Há muito nada me apraz,
Há muito nada me anima,
Sou ave à qual tanto faz
Voar rio abaixo ou acima.
Já no esquecimento jaz
O anseio de uma obra-prima
E a esperança já não traz
Para a minha vida a rima.
Vou indo, vou deslizando,
Vou como folha tomando
Um rumo que pode ser
Não algum que eu, como folha,
Estabeleça ou escolha,
Mas o que o vento escolher.
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