quinta-feira, 26 de junho de 2014

"A venda", de Bruno Tolentino

"A voz do amor vem várias vezes,
mas a alma ama uma vez só.
De estrelas há um milhão e treze
e somem quando um sol só

recobre-as todas de ouro em pó.
No céu em que eu andei às vezes,
as belas balelas dos deuses
- neoclássicas, de um rococó

ou de um barroco de encomenda
ou de ilusão - de vez em quando
iam chegando e iam passando,

até que um dia um ser de lenda
passou por lá e pôs-me a venda
da luz total nos olhos cândidos."

(Do livro O mundo como Ideia, publicado pela Editora Globo.)

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