sexta-feira, 4 de julho de 2014
A tristeza
A tristeza é a obra de minha vida e talvez minha única paixão. Desde a infância ela foi meu ideal e, se algum arrependimento eu tenho, é o de não haver aprendido a celebrá-la como ela merece. Eu a semeei, reguei-a com as melhores lágrimas e a senti crescer em mim como um destino. Gostaria que ela fosse pura, sem traços de ressentimento ou rancor, o que quase sempre consegui. Gostaria também que ela fosse uma obra minha, apenas, um produto exclusivo de minha vontade, mas em muitas das lágrimas que a nutriram há um mérito alheio, que devo reconhecer. Eu a vejo hoje, minha tristeza, minha pobre e querida árvore, exatamente como deve ser a árvore da tristeza: raquítica, débil, mirrada. Não me dará sombra jamais, nem flores, nem frutos. Será a metáfora ideal para a minha vida.
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