terça-feira, 5 de agosto de 2014

Lembrança da horizontalidade do sol

Ele esperaria que ela se esparramasse nua na cama, e a olharia com a reverência que teria se ali estivesse deitado o sol. Ele a contemplaria como se contempla uma obra de arte, sem ousar avançar para ela um dedo que fosse. Quando, anos depois, já num dos seus últimos invernos, sentisse a língua do fogo nas mãos, imaginaria como elas arderiam então se naquela tarde ele houvesse tocado o sol nu bem no âmago de sua chama.

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