sábado, 3 de julho de 2010

Lírica (159) - Os frutos

As árvores estavam tão carregadas de frutos que seus galhos se curvavam até o chão e os faziam rolar por toda parte. Os pássaros se fartavam, e também os meninos que saltavam o muro. Era impossível andar por ali sem pisá-los, sem escorregar neles, sem esborrachá-los. Um dia, um rapaz tocou a campainha da grande casa e, não sendo atendido, pôs-se a bater palmas. Apareceu numa das janelas uma jovem muito bela que, quando ele lhe perguntou se alguém poderia dar-lhe um daqueles frutos, pois estava faminto, lhe disse que entrasse e pegasse quantos quisesse. Assim que ele agradeceu e abriu o portão, ela atiçou seus cachorros contra o rapaz porque, pelos olhos verdes dele e pelo seu sorriso triste, a tinha feito lembrar um homem que a havia feito sofrer seu maior desengano de amor.

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