terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Lírica (1.329) - No elevador

Então baixou sobre ele uma tristeza tão grande - pelo dilaceramento que lhe haviam causado os três anos dedicados em vão ao amor e pelos anos que viriam e nos quais não teria nada nem ninguém a quem se entregar - que estacionou o carro na garagem do prédio e, com receio de alguém subir com ele no elevador, debruçou-se no volante e chorou muito, e soluçou, e quis morrer assim, chorando e soluçando, mas depois, não tendo mais lágrimas nem soluços, tratou de se recompor. Quando entrou no elevador, com uma vizinha de andar e seus dois garotos, recomeçou a chorar, com mais força e mais soluços, provocando constrangimento na mulher e risos abafados nos meninos.

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