terça-feira, 14 de maio de 2013

Um soneto de Shakespeare

"Não lamentes por mim quando eu morrer
Senão enquanto o surdo sino diz
Ao mundo vil que o deixo e vou viver
Em meio aos vermes que inda são mais vis.

Nem te recorde o verso comovido
A mão que o escreveu, pois te amo tanto
Que antes achar em tua mente olvido
Que ser lembrado e te causar o pranto.

Ah! peço-te que ao leres esta queixa
Quando for minha carne consumida,
Nã te refiras ao meu nome e deixa
Que morra o teu amor com minha vida.

Não veja o mundo e zombe desta dor
Por minha causa, quando morto eu for."

(De Obras completas, tradução de Oscar Mendes, publicado pela Editora Abril.)

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