quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Cotação do dia

Não mais a fixação em cordas, lâminas, revólveres, viadutos. A morte deverá ser simples. Atos extremados convêm a personagens grandiosos ou que nessa conta se têm. A mim me bastaria uma gripe talvez com pretensões a pneumonia, um rompimento de veia (uma artéria já seria uma indevida sofisticação). Morrer deveria ser um apagar lento e silencioso de imagem, como o de uma espuma trazida por uma onda modesta e logo bebida pelo rochedo, um cintilar baço e indefinido no céu escuro. Morrer deveria ser um algodão perdido na pelagem de um carneiro. Morrer deveria ser um sumiço, um desaparecimento anônimo, de uma pluma ou de sua sombra.

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