terça-feira, 6 de agosto de 2013

Um trecho de J.M. Coetzee

"Naquela ocasião, ela havia falado sobre o que considerava e ainda considera a escravidão de populações inteiras. Escravo: ser cuja vida e morte estão nas mãos de outro. O que mais são as vacas, os carneiros, as galinhas? Os campos de extermínio não teriam nem sido concebidos sem o exemplo das indústrias de processamento de carne antes deles.
   E muito mais ela havia dito, parecia-lhe óbvio, nem valia a pena perder tempo com isso. Mas ela deu um passo adiante, um passo longo demais. O massacre dos indefesos vem se repetindo a nossa volta, dia após dia, dissera, uma matança nada diferente, em escala, em horror ou em dimensão moral, daquilo a que chamamos de o holocausto; no entanto, preferimos não ver isso."

(De Elizabeth Costello, tradução de José Rubens Siqueira, publicado pela Companhia das Letras.)

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