segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ela é caprichosa

Ela tem o senso da ordem, em tudo. Em seu guarda-roupa, por exemplo, há uma gaveta em que ela mantém, com o amor e o respeito que ela também cultiva, os escalpos daqueles que se atreveram a pensar que poderiam olhá-la como se costuma olhar para mulheres. Num dos escalpos restam ainda cachinhos loiros de alguém que deve ter sido pouco mais que um menino. Dói vê-los. Outro já não desperta essa compaixão. É um crânio glabro, de um mortal que deveria ter tido o bom-senso de não se meter com uma deusa. Ela não sente remorsos por nenhum deles. Deveria? Todos os que ali se encontram, ocupando a gaveta de troféus, se vivos estivessem diriam que tudo valeu a pena e ofereceriam de novo a cabeça ao corte.

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