sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Firmeza

Acreditar, ainda hoje, que a beleza deve continuar a ser vista, só. Sobre os outros sentidos paira sempre a suspeita de manipulação demoníaca. Ouvir com cautela (e a qualquer sinal de sussurro debandar). Cuidar do que dirá a língua (e, a qualquer palavra mais cálida, censurá-la). Prevenir as narinas sobre a necessidade de estarem atentas a qualquer insinuação de rosa no ar. E, sobretudo, manter o controle das mãos, dos dedos. São eles que costumam desfazer a fantasia, com sua ansiedade de tudo tocar e abarcar. Pensar apenas em coisas suaves, aquelas que são só da alma e das quais desta vez a carne não há de perturbar.

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