sábado, 5 de outubro de 2013
Será um bom sábado
Será um bom sábado, este. Todos os dias são bons, se nos entendemos previamente com eles. Apesar da timidez do sol, os namorados andarão de mãos enlaçadas, seus dedos se conhecerão um pouco mais e, ali onde o parque começa ou termina, haverá subitamente a maravilhosa aparição de uma barraca de cachorro-quente. Se chover, haverá o aconchego e a intimidade que só um guarda-chuva pode propiciar. Um beijo debaixo de um guarda-chuva é algo que os poetas ainda não cantaram devidamente. Nas poças o sol arriscará desenhos que parecerão aqueles feitos por meninos em dias de máxima inspiração. Talvez ela escorregue, torça o tornozelo, e ele descobrirá, então, que o tornozelo, apesar de não parecer uma palavra simpática, pode trazer uma alegria insuspeitada ao ser apalpado e soprado numa manhã de sábado. Aos outros, aos que não vierem a gozar essas venturas, sobrará a esperança de, instigados por essa carência, escreverem enfim um poema que pareça um poema de verdade, um soneto cuja chave de ouro, deixando de ser mera expressão, brilhe na manhã preciosamente.
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