segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Aquele gosto

Não sei por que desgosto
a chuva resolveu hoje
vir chorar em minha janela

Começou à uma
já vai para o fim a tarde
e como se uma desgraça
precisasse me contar
ela encostou o rosto na vidraça
e não parou de chorar

Vendo as lágrimas dela
lembrei-me daquelas
que numa perdida tarde
chorei por ti

Não sei quais seriam mais belas
se as desta tarde
se as daquela
se as da natureza
se as da humana tristeza

Mas o gosto
ah o gosto amargo e doce
mesmo que as desta chuva
eu resolvesse provar
mesmo que lambê-las eu fosse
bem sei que jamais iria se comparar
àquele gosto de sal
de sangue e de vida
que diante de ti
naquela tarde
desconsoladamente bebi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário