segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O rio

É de madrugada
que o amor chora mais

Sozinho
em sua cama de pregos
ele recapitula
pela décima milésima vez
tudo que fez de errado
e o que poderia talvez
ter feito de acertado

E arranha o rosto
e quer arrancar os olhos
e apunhalaria a alma
a grande culpada
se nela houvesse ainda
um lugar onde não tivesse
sido apunhalada

E gostaria de ser menino
para gritar mãe me ajude
e mesmo não sendo
acaba gritando
mãe me ajude mãe
me ajude mãe

E como Alice
dorme afinal
boiando no rio
de suas próprias lágrimas
no rio que toda madrugada
desditosamente
insiste em não o afogar.


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