domingo, 30 de novembro de 2025

Bilaquiana

 Depois de banhá-las com lágrimas de estrela, o poeta parnasiano põe suas vogais para secar ao sol.

O menino

 No sonho, havia um menino feliz que não era ele.

Resumo

 Sim, o homem que fui foi esse mesquinho

Que se poupou, que não se deu à vida,

Como se ela não o merecesse.

sábado, 29 de novembro de 2025

Comme il faut

 O poeta parnasiano morreu fazendo coceguinhas no cavanhaque e estrebuchando como um cisne.

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Menino

 No sonho era um menino loirinho que apontava o dedo para o alto e, sob o olhar enternecido da mãe, dizia: azul, azul, azul.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Disque-denúncia

 A polícia prendeu o poeta parnasiano, virou-o de ponta-cabeça, sacudiu-o, ressacudiu-o, mas a denúncia se revelou improcedente. Nenhum soneto em bolso nenhum. Só uma latinha de Pastilhas Valda.

Índole

 Passarinhos são loucos para pegar carona em haicais.

Trote

 No dia em que concluí os três meses de estágio, mister Parkinson fez-me um elogio em classe e disse aos veteranos: "Agora ele é um dos vossos." Eles avançaram alegremente para mim e começaram a dar festivos tapas em minhas costas, onde colocaram um cartaz de cartolina barata: "Sob nova direção."

Errata

 Onde digo que tenho Parkinson, é óbvio que é Parkinson que me tem.

MARIA JOSEFA

 Virás buscar-me disfarçada de brisa e perguntarás: está pronto? E eu direi: quem pôs tanta doçura em tua voz, minha tolinha?