Que mesmo sendo
uma burrice
uma tolice
uma asneira
ou por ser isso mesmo
essa burrice
essa tolice
essa asneira
o amor seja
o que você
queira ou não
queira.
Que mesmo sendo
uma burrice
uma tolice
uma asneira
ou por ser isso mesmo
essa burrice
essa tolice
essa asneira
o amor seja
o que você
queira ou não
queira.
Minha vida é um barco
que navega mal
sempre à deriva
ao sabor de um advérbio
ou de uma locução adverbial.
Se eu fosse mister Parkinson,
jamais aceitaria
ser visto em minha companhia.
Quando decidiu aderir ao concretismo, o poeta parnasiano pôs è venda um cisne com pouco uso e em bom estado de conservação
Como posso ser poeta assim, se o amor já nem me cumprimenta e a tristeza não faz mais nenhum efeito em mim?
Como os de tantas outras, os heróis de minha geração não salvaram o mundo. Salvaram-se, sabe Deus como, e pode-se vê-los caminhando por aí, com seus cocurutos luzidios e seus ventres clamorosos.
Não tenho forças mais para percursos maiores. Hoje, quando saio de mim, fico sempre nos meus arredores.
Na autobiografia, o parnasiano narra como, no início da carreira, se sentia diminuído na comparação com um poeta mais velho da escola, que tinha em casa um cisne importado da França, enquanto ele não dispunha de dinheiro nem para manter uma galinha caipira.
De tanto ver triunfar nulidades
eu não hesitei:
também me candidatei.
Quantas juras torpes
e promessas falsas quantas
revelou o tribunal
no processo número tal
a folhas tantas.
Num arroubo poético
o vate concreto
com letras de cimento
e engenhosidade
esculpe a palavra felicidade.
Alguns gostam de poesia e admitem. Outros confessam, se não for possível negar. Eu admito, confesso e, se calhar de ser um dia propício a bravatas, proclamo gostar.