quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Sobre alma e dores

 Hoje eu me peguei pensando que também a alma talvez seja um daqueles fenômenos típicos e exclusivos da juventude. Senti saudade do tempo em que ela, nos percalços amorosos, me doía docemente. Que diferença das dores prosaicas de agora: de estômago, de garganta, de panturrilha, de rim.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

A tentação da poesia

 Às vezes a poesia, furtivamente, ainda me acena e tenta enredar-me de novo em seus encantos. Fala-me de amor, como antigamente, e me pergunta como pude me esquecer de tantas coisas mágicas que vivemos. Chama-me de ingrato, acusa-me de não ter alma e, sabendo como sou sentimental, cantarola uma daquelas melodias que cantávamos outrora, e incita-me a dançar como dançávamos em nossa época dourada.. Foi assim hoje. Eu caminhava aspirando o morno aroma do verão, quando ela veio, com seus ardis. Quase me entreguei. Mas mister Parkinson, sempre atento ao que é bom ou mau para mim, puxou-me rapidamente e, como um pai zeloso afastando o filho de um lupanar, me trouxe em segurança para casa.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Hoje na revista Rubem

 https://rubem.wordpress.com/2024/02/18/a-palavra-felicidade-raul-drewnick/

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Batalha final

 As árvores morrem de pé

e assim também os bravos.

Eu porém herói moderno

quero morrer de modo hodierno

num hospital conceituado

num leito executivo

com ar condicionado.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Fase

Comigo ninguém se importa mais -

nem os amigos devotados

nem os inimigos figadais. 

A tarefa

Tem ainda, como aos dezoito anos, um bloquinho e uma caneta, mas não mais a ambição de salvar o mundo pela poesia. Dizem-lhe que o mundo já foi salvo inúmeras vezes, que continuam a salvá-lo e vão citando os nomes dos salvadores. Ele os anota no bloquinho. São tantos. Logo não haverá mais espaço para nada, se um dia o mundo lhe pedir socorro.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Hoje na revista Rubem

 https://rubem.wordpress.com/2024/02/04/como-lidar-com-um-gramatico-raul-drewnick/