terça-feira, 2 de junho de 2015
Kama Sutra - DCXXXIX (versão final)
Não resistes, porém, ao meu dedo médio, o da mão esquerda. Dás sempre um jeito de acolhê-lo dentro de ti depois do terceiro toque, fingindo que já dormes.
Kama Sutra - DCXLII (versão final)
Dar-te beijos tão inconcebivelmente sem intenções que me sentisse merecedor do teu e do sarcasmo de tuas amigas.
Kama Sutra - DCLXXVIII (versão final)
Sente ainda os tormentosos apelos do sexo, e emerge de sonhos depois dos quais instantaneamente põe a mão ali onde outrora haveria uma elevação e uma mancha esbranquiçada e agora há sempre, só, o tecido seco do pijama sobre uma insípida planície.
Dupla
Mas além do amor há a literatura. Sobre ela e sua má vontade em atender aos nossos sonhos podemos também lançar a culpa pela nossa amargura.
Curriculum vitae
Não sou um escritor profundo
daqueles que em tudo
querem mudar tudo
e reviravoltear o mundo
da cabeça aos pés
Sou ainda e sempre serei
aquele menino inseguro
que se esmera na redação
com a mesquinha ambição
de ganhar uma nota dez.
daqueles que em tudo
querem mudar tudo
e reviravoltear o mundo
da cabeça aos pés
Sou ainda e sempre serei
aquele menino inseguro
que se esmera na redação
com a mesquinha ambição
de ganhar uma nota dez.
Linguagem
Censurar o amor é como falar mal de um passarinho porque não conseguimos entender o que diz seu canto.
segunda-feira, 1 de junho de 2015
Soneto das perdidas primaveras
Sempre os velhinhos no asilo
Falavam da primavera,
Recordando como ela era,
Que belo era tudo aquilo.
Alguns não lembravam bem
Mas floreavam as memórias
E imaginavam histórias,
Todas felizes também.
Um deles, que só ouvia
E nada jamais dizia,
Disse hoje que ia falar.
Pararam todos. Então,
Cobrindo o rosto com a mão,
Ele se pôs a chorar.
Falavam da primavera,
Recordando como ela era,
Que belo era tudo aquilo.
Alguns não lembravam bem
Mas floreavam as memórias
E imaginavam histórias,
Todas felizes também.
Um deles, que só ouvia
E nada jamais dizia,
Disse hoje que ia falar.
Pararam todos. Então,
Cobrindo o rosto com a mão,
Ele se pôs a chorar.
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Literatura
Um trecho de "Nadja", de André Breton
"Sem ti, o que eu faria desse amor, do talento que sempre reconheci em mim, em nome do qual não pude fazer menos que tentar alguns reconhecimentos aqui e ali? Eu me gabo de saber onde reside esse talento, quase em saber no que consiste, e o considerava capaz de conciliar quase todos os outros grandes ardores. Creio cegamente em teu talento. Não será sem tristeza que retirarei essa palavra, se ela te espanta. Mas quero bani-la de uma vez por todas. O talento... o que eu ainda poderia esperar de alguns possíveis intercessores que me apareceram sob esse signo e que deixei de ter perto de ti!"
(Tradução de Alexandre Barbosa de Souza, Nelson Fonseca, Emilio Fraia e Ana Tereza Clemente, publicação da Cosacnaify.)
(Tradução de Alexandre Barbosa de Souza, Nelson Fonseca, Emilio Fraia e Ana Tereza Clemente, publicação da Cosacnaify.)
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