Se a poesia se mete em apuros,
eu sou o herói covarde
que ou não chega nunca
ou sempre chega tarde.
Se a poesia se mete em apuros,
eu sou o herói covarde
que ou não chega nunca
ou sempre chega tarde.
Eu lutei pela Poesia
Como se lutar soubesse.
Pelos erros meus e falhas
Perdi todas as batalhas
E muitas mais perderia
Se mais batalhas houvesse.
Depois de seis décadas de prática ininterrupta e inepta, o que posso eu pedir à poesia, além de perdão?
A cortesã com tesão
quer se dar ao cortesão
mas não consegue porque
ele é desprovido de.
Quando o futuro quer dizer amanhã, só amanhã e nem um dia mais, você não tem tempo de abrir a janela e olhar para o horizonte.
Que não venha ninguém a se enganar.
Se me perguntam, digo quem eu sou
E ajo como se fosse, mas estou
Tão morto quanto um vivo pode estar.
É mais penoso do que comovente ver um oitentão tropeçando, cambaleando e caindo, em suas tentativas cada vez mais canhestras de honrar um compromisso que um garoto, não mais do que isso, assumiu seis décadas antes com a literatura.