sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Lírica (1.356) - Esperança

Órfão do amor e da sorte,
Projeto nenhum o anima.
Espera apenas que a morte
Seja mais do que uma rima.

Lírica (1.355) - Decadência

Buscando do amor o oblívio
Em práticas escapistas,
Encontra seu doce alívio
Nas casas de massagistas.

Lírica (1.354) - Quando

Amada, quando te calhe
Confiar no amor loucamente,
Como eu no teu, cegamente,
Que o amor, amada, não falhe.

Lírica (1.353) - Reservado

Não me darei a ninguém.
Eu fui a ti destinado,
E para outras, mal ou bem,
Estou já morto e enterrado.

Lírica (1.352) - Quem

Salvam os animais, salvam as florestas. Salvam a terra, o ar, o mar. Salvam homens, salvam mulheres, salvam crianças. Salvam monumentos, salvam documentos, salvam casamentos. Salvam tudo, acabarão salvando o planeta. E esses modestos heróis, que tudo salvam, dizem ter, como única arma para salvar pessoas, coisas e animais, o amor. Justamente o amor - ai de mim -, que me mata. Associações, entidades, movimentos, pessoas, que tudo salvam e salvarão, digam-me, por Deus, quem me salva, quem me salvará?

Lírica (1.351) - Essência

Melhor assim. Não tocar-te,
Poder manter a abstinência
E ter de ti só a essência,
Tão imortal quanto a da arte.

Lírica (1.350) - Fim

Depois das juras eternas,
Dos sentimentos sentidos,
Dos sofrimentos sofridos,
Saiu com o rabo entre as pernas.

Lírica (1.349) - Anônima

Não tendo sido, serás
E, mesmo anônima sendo,
Quando eu estiver morrendo
Teu nome dito terás.

Lírica (1.348) - Paulista

Quando andas, eu gostaria
De ser o sol assanhado
Ou o moleque safado
Que para ti assobia.

Lírica (1.347) - A ausente

Terás estado em meus dias,
E no meu viver o teu,
Mas não estarás no meu
Álbum de fotografias.