segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Um livro notável

Wellington Pereira é um desses raríssimos homens que podemos chamar hoje de polímata. Nada que pertença à experiência humana lhe é indiferente. A tudo ele aplica o olhar atento e o espírito analítico. Mestre em jornalismo, comunicação e sociologia, autor de livros nessas e em outras áreas, Wellington, professor na Universidade Federal da Paraíba, é um legítimo agitador de ideias e provocador cultural, uma poderosa voz contra o marasmo e a mesmice. Seu mais recente livro é um presente para a literatura infantojuvenil. Vovó nos protege reúne histórias que serão lidas com muito prazer pelas crianças, às quais se destinam, e - pela riqueza de menções a grandes escritores de todos os tempos - pelos adultos. Conjunto de preciosos textos curtos, que bem serviria como introdução ao fascinante mundo da arte, em especial à literatura, Vovó nos protege é uma obra que se constituiria num valioso auxiliar para os professores interessados em transmitir aos jovens algumas noções fundamentais. Sinto não ter habilidade para reproduzir aqui ao menos a capa desse livro que indico entusiasticamente.

Os derrotados

Tentemos rir, mesmo que
Rir não seja mais, no fim,
Que isso: eu rir-me de você
E você rir-se de mim.

Sabedoria

Deveríamos ter morrido moços, quando a juventude podia ainda absolver nossa tolice.

A verdade

Envergonha-se do tempo em que se exibiu como adepto do amor e depois, considerando-o uma crença menor, o renegou. Sabe hoje que o indigno era ele - e sempre será.

Súmula

Acredito que, se bem escolhidos, dez ou doze romances podem dar conta de tudo que realmente importa na trajetória do homem no planeta.

Cláusula rescisória

Jamais se considere um homem sem saída. Talvez você não tenha lido com atenção a última folha do contrato que assinou com a vida. Releia a cláusula final, aquela que fala da morte. Isso, aquela última, em letra bem miúda.

Artigo 1º

Você pode não ter talento, você pode escrever mal, e até muito mal. Mas, por favor, não seja desonesto. Se você sabe que seu livro não presta, não o leve aos editores. Melhor que eles gastem papel reeditando a menos significativa de todas as peças de Shakespeare.

Soneto do amor insensível

Por seu renome sagrado,
Por sua reputação
Sem nódoa ou contestação,
O amor se faz de rogado.

Para manter seu reinado
Ele, sem hesitação,
Diz "não", e repete "não",
Mesmo ao seu ser mais amado.

Para as queixas não ouvir
Dos que vivem a pedir
Por sua misericórdia,

Ele finge surdo ser.
E, se é preciso morder
A mão que lhe acena, morde-a.

Dois trechos de Huberto Rohden

"Já observava Kant que nada é sucessivo em si, mas tudo é sucessivo em mim; a pseudossucessividade está nos meus sentimentos, não na realidade; esta é totalmente simultânea, independente de tempo (sucessividade duracional), e de espaço (sucessividade dimensional). A sucessividade induracional se chama 'Eterno' (ausência de tempo), e a sucessividade indimensional se chama 'Infinito' (ausência de espaço)."

                                                                     ***

"Meditar não é pensar. Meditar é esvaziar-se totalmente de qualquer conteúdo do ego e colocar-se, plenamente consciente, diante da plenitude da Fonte, ou em linguagem da Sagrada Escritura: 'Sê quieto - e saberás que Eu sou Deus.'"

(Do livro Einstein - O enigma do universo, edição da Martin Claret.)

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Revista Rubem

Falo hoje na crônica (www.rubem.wordpress.com) de mortos, de amor e de vida, que são uma só entidade.