quinta-feira, 5 de junho de 2014
O palhaço
Nada disto, nem a aflição nem o desespero, terá importância daqui a um ano, talvez menos, ele pensa. Quando isso acontecer, sua última ilusão terá morrido. Tudo que hoje o fere será ridículo amanhã. É assim sempre, será sempre assim. E, não suportando imaginar as gargalhadas que daqui a um ano, talvez menos, estará dando, ele se sente um impostor, e chora. Achando poucas as lágrimas que chora pelo amor, pensa que gostaria de morrer agora, antes que chegue o dia em que começará a zombar desse sentimento, como no circo se zomba de um homem de terno e gravata que no meio da pantomima a plateia descobre ser um palhaço disfarçado de executivo e contra quem, então, atira ovos, tomates e vaias, para que aprenda a não se fazer passar pelo que não é.
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