"Os meus pêssegos amadurecem, surpreendem-me as flores,
O arbusto carregado de rosas é quase tão magnífico como as árvores.
A minha cerejeira entretanto encheu-se de frutos maduros;
E os próprios ramos põem-se ao alcance da mão para a colheita.
O caminho convida-me, como outrora, a sair do jardim
E a dirigir-me para a floresta, onde a folhagem é mais livre, ou a descer ao ribeiro,
Onde me deitava, sonhando com as aventuras dos célebres
Navegadores; impeliam-me lendas a vosso respeito,
Ó poderosos, a partir para os mares e para os desertos!
Ai! Entretanto em vão me procuravam meus pais.
Mas onde estão eles? Hesitas, espírito protetor do lar?
Também eu hesitei! Contei os passos,
Até me aproximar e, como os peregrinos, detive-me.
Mas entra, anuncia o estranho, o filho,
Para que me recebam nos braços e me abençoem,
Consagrando-me, e me seja também dado transpor o limiar!
Mas pressinto que já partiram também
Para a sagrada distância e o vosso regresso, queridíssimos, já não é possível."
(Do poema "O caminhante", extraído do livro Elegias de Friedrich Hölderlin, tradução de Maria Teresa Dias Furtado, publicação da Assírio & Alvim.)
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