"Mostro-lhe uma garota correndo à noite
entre árvores que não a amam
e as sombras de muitos pais
sem caminhos, sem sequer
migalhas de pão ou pedras brancas
sob uma uma lua que nada lhe diz.
Isto é: Nada, lhe diz.
Há um homem por perto
que alega ser um amante
mas cheira a pilhagem.
Quantas vezes teremos que dizer a ela
que se mate antes de ceder?
Não adianta dizer
a essa garota: Você é bem cuidada.
Eis aqui um quarto seguro, eis
comida e tudo de que precisa.
Ela não consegue ver o que você vê.
As trevas correm em sua direção
como uma avalanche. Como cair.
Ela teria gostado de avançar para o seu interior
como se fosse não um espaço vazio
mas um destino,
retirando seu corpo e deixando-o
amarrotado atrás dela feito a manga de uma roupa.
Sou a velha
que sempre há em histórias como esta,
que diz, Volte, meu bem.
Volte para o porão
onde o pior está,
onde os outros estão,
onde você pode ver
como ficaria se estivesse morta.
Então estará livre
para escolher. Para seguir
seu caminho."
(Do livro A porta, tradução de Adriana Lisboa, Editora Rocco.)
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