"ele me amava
e me olhava com aqueles olhos trágicos
eu o deixava me amar
e colhia nas mãos o suor do seu prazer
como se este gesto o fizesse renascer
ele não sabia se eu o amava
eu não sabia se ele viveria sem mim
e continuávamos nos olhando depois do sexo
naquele imenso reflexo com manchas do tempo
nosso amor
foi virando um canteiro de ervas daninhas
arrancando o que ainda nos sorria
assustei-me
joguei álcool na nossa história
queimei-nos numa pira medieval
e nunca mais eu soube de nós dois"
(Do livro Equilibrista, Editora Penalux.)
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