quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Soneto do homem desgostoso de viver

 Não morri ainda, venho lhes dizer,

Embora viva já tão descontente

Que nem sei mais se posso honestamente

Dizer-lhes se o que faço hoje é viver.


De tudo aquilo em que eu acreditei,

Dos sonhos todos que me deslumbraram.

Das causas, dos ideais que me nortearam,

Há muito tempo, aos poucos, abdiquei.


Se meu plano de vida fracassou,

Agora, já sem tantas pretensões,

Seguro do que penso e faço estou.


Acredito que possa me gabar. 

Guardado o tamanho e as proporções,

Estou tão morto quanto posso estar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário