De um fato, amor, eu me ufano,
Tu sabes bem do que falo:
Tu seres meu suserano
E eu ser, amor, teu vassalo.
De um fato, amor, eu me ufano,
Tu sabes bem do que falo:
Tu seres meu suserano
E eu ser, amor, teu vassalo.
Famoso por ver pecado em tudo, o velho carola se intromete numa conversa em que duas de suas vizinhas exaltam o sol como uma inesgotável fonte de uma vida saudável: "Vocês falam como ele fosse um bom menino. Será mesmo? Vocês veem o que ele faz de dia. Mas vocês sabem que ele faz à noite?"
Viver foi meu mais imenso
E mais doído fracasso.
Viver não é o que eu penso
E nem aquilo que faço.
Quando dois chatos se reúnem, nem sempre se trata de uma dupla sertaneja.
A vida às vezes se assemelha a um desses chatos que começam se declarando úteis e que, se lhes dermos ouvidos, acabam se arvorando em indispensáveis.
Não foi em vão que leu os clássicos e cultivou arduamente o estilo. Quantos homens mais poderiam dizer com tanta classe, na oitava década de vida, que estão dando os derradeiros passos na estrada da existência?
Com a idade, vamos descobrindo novos motivos para nos vangloriarmos. Por exemplo: ninguém tosse melhor do que nós. Netos vêm de longe para nos ouvir.
Uma das vantagens de ser um velho é que ninguém mais pergunta o que você pensa da vida.
Demora um pouco, mas você acaba aprendendo que a melhor maneira de lidar com os dias é deixá-los passar.
Tudo nele hoje é cansaço. Dez degraus lhe parecem vinte, cada gesto é uma façanha, todo sorriso é só meio. Ele vai aprendendo a se economizar. De manhã, não abre mais a janela para dizer bom dia ao sol.
Penso quantas vezes já disse a palavra alma. Sejam quantas tiverem sido, sei hoje que em todas pequei por presunção. Alma não é palavra para estar em meus lábios. Meu nome não é Johann Sebastian Bach.